Incêndios no Pantanal espalham fumaça por cidades de Mato Grosso do Sul
Em um hospital, os atendimentos por problemas respiratórios triplicaram. Sem chuva há mais de 50 dias, o que cai do céu é a fuligem que toma conta das ruas, dos comércios e das casas. Incêndio no Pantanal ilumina a noite e espalha fumaça em Mato Grosso do Sul
Moradores de cidades do Pantanal em Mato Grosso do Sul estão há semanas convivendo com a fumaça dos incêndios florestais.
À noite, é possível ver da cidade de Corumbá a linha de fogo consumindo a vegetação. As chamas não dão trégua.
A temporada de incêndios no Pantanal começou mais cedo e, desde então, as cidades tem ficado completamente encobertas pela fumaça e essa situação mudou a rotina dos moradores.
"Eu caminhava, pedalo. Eu evitei, né? Evitei porque sinto que o ar está me fazendo mal", conta um deles.
A Secretaria de Educação recomendou a suspensão de atividades físicas ao ar livre e o reforço na hidratação.
Em um hospital, os atendimentos por problemas respiratórios triplicaram. Sem chuva há mais de 50 dias, o que cai do céu é a fuligem que toma conta das ruas, dos comércios e das casas.
"Já tem mais de 20 dias, 30 dias, que não abre uma janela. Não dá. Não tem como você circular o ar na casa. Você já sai do quarto de manhã cedo sentindo aquele cheiro de fumaça", diz a autônoma Silvana Villagra.
Em um posto, os frentistas passaram a usar máscaras. A fumaça deixa o ar da região pantaneira parecido com o de grandes metrópoles.
"Os principais poluentes são material particulado, constituído principalmente por partículas muito finas, monóxido de carbono e óxido de nitrogênio, e esse poluentes quando inalados agravam bastante a saúde humana", explica Widinei Alves Fernandes, doutor em geofísica espacial.
"Falta de ar, cansaço. Cansaço até pra falar", reclama a moradora Elza Oliveira.
O fogo segue sem controle na região. Nas últimas 48 horas, o Pantanal teve 508 focos de incêndio; 409 deles somente em Corumbá.
O fogo sempre fez parte dos ciclos do Pantanal. O pesquisador da Embrapa Walfrido Thomaz alerta que a intensidade e a frequência dos incêndios podem prejudicar a capacidade de renovação do bioma:
"Essas áreas que são queimadas, se você volta em um ano, um ano e meio depois, nem vai parecer que queimou. Mas o que a gente não enxerga é que é o problema. São as coisas que compõem o ecossistema, que pode estar sendo afetado por incêndios intensos em larga escala e principalmente repetitivos nas mesmas áreas. Aí sim o ecossistema começa a perder essa tal de resiliência que a gente chama".FONTE: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2024/06/21/incendios-no-pantanal-espalham-fumaca-por-cidades-de-mato-grosso-do-sul.ghtml